sexta-feira, 15 de abril de 2011

Infelicidade mentirosa

Acordei um dia de um sonho que parecia nosso
Os teus lindos cabelos voavam
Á deriva de ventos formosos
Deitavas a perder as lágrimas que os teus olhos choravam

Lutava então, fortemente
Para te puder alcançar
E tão desesperadamente
Gritava quando em teus braços me queria agarrar

E dor é aquela que sinto
Quando louco estou
E infeliz te minto
Dizendo que tudo o meu coração perdoou

Elevo-me na imensidade da tua alma
E palavras encontro no teu sorriso
Naquele dia de infidelidade calma
Tento, quase em vão, ser teu amigo.

Chafariz de mágoa

Aqui sentado
Olho pela janela
De entre sons de vuvuzela
Vejo um monte desamparado.

Aqui no vazio
Miro o Tejo
Perto este terreno baldio
Mais nada vejo.

São as pobres ruas
Unidas em cores e defeitos
Que testemunham noites nuas
De assaltos, drogas e mil e um desejos.

Pobres ruas citadinas
Mal frequentadas e mal amadas
Onde fora outrora fontes de água
Sobra agora um chafariz de mágoa.

Poema publicado no livro: Pedaços de Noz (XVIII Antologia 2010)

sábado, 9 de abril de 2011

Floresta de gemidos

Nesta vasta floresta pagã
Brotam plantas de desgostos
Em cada árvore surge o musgo da vida
De sentimentos com demasiados rostos.

Fujo pelo nevoeiro
Trespassado pelo frio do inverno
Caio aos gemidos daquele sobreiro
Contemplando a brilhante lua deste inferno.

Reparto em mim a apatia de viver
Observado por aqueles olhos de lobo
E com aquela respiração ofegante de tanto sofrer
Faz deuses insolentes lutar por poder

E aqui me lembro dos dias gloriosos
Aqueles! Levados por rituais misericordiosos
Que tal como tu sofreram
Que tal como tu… morreram!

E continuo a correr
Naquela floresta sombria
Com medo daqueles olhos
Que tanto penetram na minha mente vazia.