domingo, 18 de dezembro de 2011

Sonhar era ter-te

Hoje sento-me à beira-mar
Enquanto o vento canta a triste canção
Que me fez em tempos amar
O teu corpo, magia e coração.

A balada toca os sons de despedida
À medida que as lágrimas limpam o rosto
E onde já nada faz sentido
Quando o amor se torna um monstro

Mas o irracional continua a procurar,
O único lugar onde já foi feliz
A voz por onde cantar,
Os mil poemas que para ti fiz.

Nem os meus sonhos podem preencher
O vazio que deixaste em mim
Pois sonhar é sofrer
Onde outrora sonhar era ter-te a ti.

Sinto saudades do teu olhar,
Sinto saudades tuas e de nós.
Onde a tua amizade era a minha voz,
Quando estávamos juntos e a sós.

Mas onde estás tu agora?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Média luz que se afasta

Encontrei, agora, o luto
Sobre a morte que venero
O culto do negro
Sobre a solidão que tanto quero

E como a brisa,
Chegou o preto que cobre o meu corpo
Que na minha tristeza enfatiza
As cinzas de um coração já morto

Na escuridão das quarto paredes
Entrego-me ao véu que difere a luz e o negro
E às vozes conto o meu segredo.

A pele seca-me no corpo
Como o desespero seca a felicidade,
Pela alegria de viver,
Na morte que encontro,
Corro no alçapão que quero morrer.

Desejo a eterna negação do meu ser
À medida que abandono a vontade de viver
Sorrindo à média luz que se afasta.

Sou um todo que é nada,
Num tempo perdido na solidão da vida,
Não sabendo quem sou
Neste longo caminho que me apraza.

Penso na dor que me atormenta
Que não conhece limites humanos
De sorriso em sorriso, a deus enfrenta
Enquanto ele se deleita com a tristeza e o sofrimento desumano.

Esqueci-me da vida
Agora que o frio congelou o meu coração
E a noite preenche os meus olhos,
Temo ter-me perdido
Quando celebrava o meu arrependimento,
Nas alegrias de deus sou sofrido
Quando dizem que ele me vê a todo o momento.

Não me lembro quando a noite chegou,
Se alguma vez desapareceu,
Mas a melancolia percebeu,
Que a luz não me segue para onde vou.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mulher viciante

Existe em mim uma lembrança que ainda perdura, excessivamente querida para ser lembrada, quanto mais para ser relatada, mas este sentimento invade-me a alma e é impossível deixar de o descrever. É a tua lembrança. E sei que, por mais que tente, vou tentar em vão, descrever aquilo que aos meus olhos foi demasiado perfeito.
Eras simples, no teu jeito de ser e fisicamente eras, de certo modo, uma mulher de estatura média. Relembro a magistralidade do teu andar pelos campos dourados que te via percorrer. E, de uma maneira tão complexa, que não posso compreender, revejo em ti a excelência dos seres mais extraordinários. Deleitava-me com as tuas enormes qualidades, que só podiam ser vistas por quem realmente te amava, quando fazias com que a tua presença fosse despercebida mas que a tua ausência fosse sentida. Entravas e saias como uma sombra através da formosa dança que te elevava sobre as águas. E, tão repentinamente como o crepúsculo, voltavas a correr para a minha companhia, onde me acariciavas ao som da tua doce voz. Retiro da beleza do teu rosto a meta que nenhuma princesa alcançou. Tinha o esplendor do pôr-do-sol na visão etérea da mais louca e improvável divindade.
Mas na beleza excessiva e perfeita que carregavas, havia uma falha mínima, uma estranheza, que era o facto de ser inconcebivelmente pura e viciante. Fui cativo do mais puro marfim que constitui a tua pele e também, prisioneiro da ondulação natural e exuberante dos teus cabelos. Nunca, outrora, fora tão cativado por algo tão fútil como a beleza de uma mulher, mas agora, as circunstâncias mudaram, muito graças aquele teu olhar e aquele teu sorriso. Oh! Aquele sorriso… Lembraste? Lembraste da minha enorme insistência para te fazer lembrar da beleza do teu sorriso? É provável que te lembres, como te poderias esquecer!? E era aqui, na tua boca, que eu encontrava a prova de existência de seres celestiais dotados de perfeição onde cada curva dos teus lábios fazia de ti a mais radiante estrela.
Mas é sobre este pensamento que - com mais frequência que desejaria - me debruço constantemente. Sou engolido pelo irresponsável pensamento da tua divina beleza. Pensei que finalmente a tinha perdido no tempo, enquanto por lá deambulei, mas o vento, o meu constante inimigo, esmera-se em trazê-la sistematicamente para mim. E nesta situação ofereces-me, inconscientemente, a bênção e a maldição onde me crucifixo. Sou concebido pelo pecado de te querer, mesmo sabendo que é errado, torno-me egoísta por querer amar algo que não pode ser amado. E tudo graças à tua beleza! Fútil beleza! Fútil não… viciante.

sábado, 8 de outubro de 2011

Eco de silêncio no mundo

As palavras dispersam na tua mente
Através da voz que nunca tiveram
Percorrem o teu cérebro demente
Nas profecias que deuses fizeram

São apenas pensamentos que desejas acolher,
No meu e no teu mundo,
Que tanto anseias esconder
Atrás de um eco de silêncio profundo.

Gritas a voz, muda, na tua garganta
Rouca e vazia e, lá, perdes a esperança
Que certamente nunca tiveste
Amaldiçoada como sempre quiseste.

E no sombrio sol que te rodeia
Percorres medos, nunca esquecidos
Nessa tua miserável vida de plebeia
Deitaste no chão de sonhos perdidos

Onde o ódio te assombra a alma
Decides fazer-te à vida
Em movimentos de tamanha calma,
Enquanto vendes o corpo numa causa perdida.

Obscura te tornaste
Minha luz da madrugada
Foste ao fundo e mim levaste
À tua porta, tão drogada

E perfeita é a tua escuridão
Penetrante! Maliciosa!
Possuíste-me no turbilhão
No leito de uma morte honrosa

E a luz evaporaste em mim
Na minha inconsciência
Víbora!
E ecoas no meu silêncio
No fundo
No fundo...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Desespero da tua lembrança

Em tempos caminhámos lado a lado
Caminhámos e corremos juntos
Num infinito mundo de lembranças
Onde rosas eram esperanças

E tudo o que recebi em ter-te
Foi a beleza,
Foi a magia,
Que um dia me levaria a perder-te

Sou um todo vazio,
Do teu ser
Do mundo que te quero dar
Da mágoa que anseio em secar,
Que pelo teu rosto corre
Onde já mesmo o nosso sonho morre.

É duro o sofrimento ao ver que a minha vida te mudou
Onde ainda sou a raiva e a incerteza, e tu a minha esperança
Onde estive eu quando de mim precisaste?
Já não sei! Guardo apenas a lembrança

E quanto mais o tempo corre,
Mais distante fico de ti
E, lentamente, a flor morre
À mão daquela estrela, onde te vi.

E desespero na tua lembrança
No meu eterno descanso
Onde nas veias corre a tua demora
De cada dia, em cada hora.

Secreta saudade

Desde que partiste tão repentinamente
O céu estrelado ficou incompleto
E a amizade que guardava tão secretamente
Trocou o certo pelo incerto.

O que havia desapareceu
Neste coração que precisa de ti
Em todos os momentos que este mundo ardeu
Nunca pensei ter que viver sem ti

E queria agarrar-te antes que fosse tarde demais
Queria dizer que esta é a única promessa que espero cumprir

Mas esta é a impossibilidade que me deparo
Não há certeza de puder voltar a ver-te
Não há certeza de errado ou reparo
De um dia voltar a ter-te

E nos sonhos persegues-me com a tua imagem
Com os teus cuidados, esperanças e ambições
Tratando-se quase como uma viagem
Ao meu infiel mundo das emoções

Ver-te partir é insuportável
Não o queria de maneira alguma
Deixar-te ir ao sabor daquele vento memorável
Onde a nossa amizade era apenas uma.

Este é o meu arrependimento
De tamanha sinceridade
Na enorme saudade
De te puder abraçar num último momento.

(Título atribuído por Bárbara Silva)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Minha doce fantasia

Aqui eu estou
Sentado no além
Aqui eu vou
Navegar-te nos mares de outrem.

No mundo da fantasia
Mergulho no teu corpo
Sorriso e alegria
Manifestam-se no meu rosto.

Leva-me no corcel
Da tua montada
Fazendo em mim tua estrada
Minha doce obra amada.

Epopeia os meus versos
De palavras sentidas
Torna grande os incertos
E deixa as causas perdidas.

As águas em ti dividiste
Nas sombras da escuridão
Percorrendo a lágrima
Vazia, nas cheias do teu coração

E verdes foram os prados
Nos quais correste
E azul foi o céu
Onde voaste
E branca a pomba
Que no mundo lançaste

E nesta janela contemplo o mundo
Vejo e revejo cada pétala de chuva
Como se o mundo fosse um segundo
Nestes teus lábios de amor profundo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Anjo caído

Caís aos braços da minha mão
Assim que desenho a respiração na noite
Preenchendo o oculto espaço do coração
Nas ligeiras lágrimas de dura emoção

No meu ser enfraquecido
Tomo o teu corpo e alma
Dos poderes outrora temidos
Da subtileza do meu anjo caído.

Como um ladrão na noite
O vento que soprava tão levemente
Fez-te cair ao pecado
No teu corpo, inocentemente

E nas chamas que queimavam o paraíso
Reluzente com as flechas douradas
Fizeram-te anjo indeciso
Onde as asas foram cortadas

E nua caís neste mundo
Nas profundezas do meu ser
Desejando apenas viver
Neste teu pesadelo profundo.

Ó meu Anjo caído!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Praia sem fim

A teu lado caminho,
Na praia sem fim,
E às estrelas me alinho
Abraçado a ti.

Aqui a areia floresce com o mar
Durante toda a nossa paixão
Neste local sagrado para amar
Dou-te o meu coração.

Corremos juntos à beira-mar
De mão entrelaçada
Sugestões de o meu corpo para te dar
A minha alma à tua atada.

Deitados no areal acolhedor
O mar percorre-nos o corpo
Junto num acto de amor
Paralisamos lembranças como a dor.

Mas o tempo é curto na praia sem fim
É hora de voltar
Contudo, prometo diante de ti
Que brevemente vamos regressar.

domingo, 4 de setembro de 2011

As ruas desta cidade

Vagueio pelas ruas da cidade
Vagueio, e observo a lua
Foi nela que encontrei a verdade
Numa alma despida e nua.

Aqui estou, entre a estrada e o céu,
Amado pelo teu beijo perfeito,
Gentilmente percorro o calor no teu véu
E com simples palavras acabamos com o imperfeito.

Tantos foram os passos que segui
Nestas ruas da cidade
Contudo nunca me apercebi
Que caminhava ao destino da tua realidade

Adorei e abracei esta ternura
Tão suave, tão confortável como o teu coração
Que me envolveu na escaldante fervura
Do poder desta emoção.

Nesta noite prometi
Diante do teu mundo,
Amar-te tal como nunca vi
De hoje em diante e em cada segundo.

E já não vagueio por estas ruas
Agora sonho acordado
Porque nenhuma palavra é nua
Desde que te tenho a meu lado.

Paixão que ama

As folhas caem à medida que tu partes
E aquele sol de felicidade adormece,
Quando tens de ir e eu não quero que te afastes
Assim lá a minha alma enlouquece.

Penso em tudo o que trocamos neste dia
Todo o carinho, todo o amor, toda a magia
Penso no que hei-de esperar de ti
E chego à conclusão que espero mais do que vi.

Foi a saudade que nos juntou
Na distância que nos separava
Foi a paixão que nos amou
Quando a minha boca, à tua, ficava agarrada.

Sentados no banco da vida
No sentimento perdido do ódio
Onde as mãos percorrem o que é óbvio
E o que não se pode perder.

Amar-te é como contemplar o mar
É ir mais além do que o céu
Naqueles momentos que te abraçar
Percorrer o teu corpo no nobre véu.

E aqui te quero e admito
Longe de ti não vivo
E não desminto
Mas só contigo, eu, sobrevivo.

domingo, 21 de agosto de 2011

U2 - Kite

"Something
Is about to give
I can feel it coming
I think I know what it is

I'm not afraid to die
I'm not afraid to live
And when I'm flat on my back
I hope to feel like I did

And hardness
It sets in
You need some protection
The thinner the skin

I want you to know
That you don't need me anymore
I want you to know
You don't need anyone
Or anything at all

Who's to say where the wind will take you
Who's to say what it is will break you
I don't know
Which way the wind will blow

Who's to know when the time has come around
Don't want to see you cry
I know that this is not goodbye

It's somewhere I can taste the salty sea
There's a kite blowing out of control on the breeze
I wonder what's gonna happen to you
You wonder what has happened to me

I'm a man
I'm not a child
A man who sees
The shadow behind your eyes

Who's to say where the wind will take you
Who's to say what it is will break you
I don't know
Where the wind will blow

Who's to know when the time has come around
I don't want to see you cry
I know that this is not goodbye

Did I waste it
Not so much I couldn't taste it
Life should be fragrant
Rooftop to the basement

The last of the rocks stars
When hip-hop drove the big cars
In the time when new media
Was the big idea
What was the big idea. "



Desta vez fiz um post um pouco diferente do usual e, já agora, quero dizer porque o fiz. Esta música, Kite, retrata, tal como diz o Bono (vocalista dos U2), na necessidade de deixarmos partir alguém de quem gostamos muito, porque é assim mesmo, a vida é feita de tanta imprevisibilidade que por vezes, algo ou alguém de quem gostamos muito, é forçado a partir para lugares distantes... E tudo, depois disso, fica a encargo do vento que leva, esse alguém, à direcção mais certa.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tu e eu

Passeavas nos limites da cidade
Caminhavas sozinha, pensativa talvez,
Passeavas com o sorriso nos lábios, e mostravas a ingenuidade
Quando contemplava a tua sensatez.

Observavas a natureza, no seu jeito de ser
Admirando o mundo que te encobria
Foste em pensamentos te perder
Exactamente no momento em que eu te via.

O que me interessava era observar-te
Observar a tua boca e a graciosidade de cada um dos teus movimentos,
Observar como havia de amar-te,
Tentando adivinhar o que te ia no espírito e nesses pensamentos.

Sentia-me, deste modo, como um anjo da guarda
Na ilusão de que se algum perigo te assaltasse
Eu iria estar na vanguarda
Para te tirar o medo de algo que te perturbasse.

Mas um dia estranhei a tua tristeza
Corri ao teu encontro mas não te encontrei
Esqueci-me de te proteger, na minha fraqueza
Percebendo, então, que falhei.

Nunca mais te consegui encontrar
Nunca mais regressaste para observar a natureza
Procurei, procuro e continuo a procurar
E agora sobrevoo a cidade, perdido, à procura da tua beleza.

sábado, 25 de junho de 2011

Miss you, my best friend

In this difficult time
Loneliness is all I fear
I can’t know how to be right
Without you, in this empty life.

I understood your way
And I don’t blame you
But I miss you every single day
Since my heart was left without you.

And after I climb the highest mountains
After I scale the most dangerous walls
I realize that all I want is your friendship.

I was burning in silence
Needing your hug
It is an emotion not a science
That make your goodbye so tough

Now I can’t slow down my fall,
You’re not here,
To make me
Smile once more.

I need you
And I have no shame to say,
That someday,
I dream to be a friend of you.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Janela

À janela vejo a vida a passar
Sinto a brisa nocturna
Numa vida que está a mudar
Que encobre o céu em penumbra.

À janela vejo o amor das pessoas
Vejo o frio nos seus corações
Algumas mais frias e menos boas
Outras, com demasiadas emoções.

À janela vejo cães abandonados
Contemplo a sua tristeza
Aqueles que queriam ser adoptados
E que para comer têm a pobreza.

À janela vejo o calor que esfria,
O mundo em que vivemos,
Vejo famílias vazias
Com abusos que muitos de nós sofremos.

À janela vejo sonhos e utopias
Impossíveis de realizar
Onde palavras e magias são apenas teorias
Num mundo que não está destinado a amar.

Á janela nem a lua vejo
Será que se escondeu?
Característica que eu invejo
Aquele que à janela se perdeu.

domingo, 5 de junho de 2011

Como um rio

Fui até há pouco tempo, como um rio
Que percorria o seu leito até ao mar
E durante este percurso senti-me vazio
Vivi momentos de dor e com medo de amar.

Naveguei na poluição da vida
Como um barco perdido
E, sempre em demasia,
Os meus sentimentos foram feridos.

Andei à deriva do desconhecido
Por terras que chamava casa
Terras de inimigos
Terras de enganos e tristeza
Para onde o vento me forçava mas onde não havia beleza.

E por isso esperei
Segui as estrelas debaixo do céu que naveguei.

Lá no fundo, eu sabia que iria encontrar o paraíso
Onde uma nova vida me esperava
O céu, com tudo o que preciso
E onde alguém me amava.

Aqui parto a caminho
Com um bom vento
Deito-me neste leito sozinho
E, feliz, sonho com esse momento.

domingo, 1 de maio de 2011

Alguém...

Falaste-me na existência de alguém melhor
E, depois de tantos poemas,
De viver tantos dilemas
Finalmente te encontrei
Perfeita e sublime tal como te sonhei.

E agora, mesmo que o sofrimento não acabe
Por mais que afaste a dor
Sei que contigo e com o teu amor
Ultrapassarei a dor de um amor que parecia verdade.

Tenho pensado em ti, noite e dia
Quero olhar os teus olhos, abraçar-te
Quando ardes em mim um fogo que já não havia
E tão puramente, como o ar, tenciono amar-te.

Revejo em ti um amor possível
Provavelmente por seres quem és
Naquela ilha de sonho impossível
Rendo-me agora a teus pés.

E de joelhos caio
No pôr-do-sol que evoca a força do mar
Quando o meu coração é trespassado por um raio
Sinto que é a ti que devo amar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Infelicidade mentirosa

Acordei um dia de um sonho que parecia nosso
Os teus lindos cabelos voavam
Á deriva de ventos formosos
Deitavas a perder as lágrimas que os teus olhos choravam

Lutava então, fortemente
Para te puder alcançar
E tão desesperadamente
Gritava quando em teus braços me queria agarrar

E dor é aquela que sinto
Quando louco estou
E infeliz te minto
Dizendo que tudo o meu coração perdoou

Elevo-me na imensidade da tua alma
E palavras encontro no teu sorriso
Naquele dia de infidelidade calma
Tento, quase em vão, ser teu amigo.

Chafariz de mágoa

Aqui sentado
Olho pela janela
De entre sons de vuvuzela
Vejo um monte desamparado.

Aqui no vazio
Miro o Tejo
Perto este terreno baldio
Mais nada vejo.

São as pobres ruas
Unidas em cores e defeitos
Que testemunham noites nuas
De assaltos, drogas e mil e um desejos.

Pobres ruas citadinas
Mal frequentadas e mal amadas
Onde fora outrora fontes de água
Sobra agora um chafariz de mágoa.

Poema publicado no livro: Pedaços de Noz (XVIII Antologia 2010)

sábado, 9 de abril de 2011

Floresta de gemidos

Nesta vasta floresta pagã
Brotam plantas de desgostos
Em cada árvore surge o musgo da vida
De sentimentos com demasiados rostos.

Fujo pelo nevoeiro
Trespassado pelo frio do inverno
Caio aos gemidos daquele sobreiro
Contemplando a brilhante lua deste inferno.

Reparto em mim a apatia de viver
Observado por aqueles olhos de lobo
E com aquela respiração ofegante de tanto sofrer
Faz deuses insolentes lutar por poder

E aqui me lembro dos dias gloriosos
Aqueles! Levados por rituais misericordiosos
Que tal como tu sofreram
Que tal como tu… morreram!

E continuo a correr
Naquela floresta sombria
Com medo daqueles olhos
Que tanto penetram na minha mente vazia.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dor & Miséria

A saudade do regaço
Da tua mão na minha
Poemas e cantorias
Desta paixão que já não tinhas.

Pulo da miséria para o ódio
Do amor para a tristeza
Digo isto com toda a franqueza:
Foste o meu grande poema
Para ti cantei meus versos
A ti dei o meu coração
E naquela noite de dilemas
Por entre a vil tristeza da paixão
Das mágoas que me trazes
Quando por mim passas

Sinto o terror quando te vejo
Tal como aquele terror que tinhas
Quando não me querias perder.
Fui e sou escravo
De sentimentos desgastados
Desolados!
Pisados no chão!
Por ti, dona do meu coração.

Rebates em mim
A solidão do universo
De tão imenso que ele é
O contrário de quanto te tinha por perto.

Pobre o sofrimento de te querer
Desejo furtivo de morrer
Naqueles cortes de amor
Nesta sala vazia carregada de temor.

E deito em mim o rio que chora
O imenso oceano que me percorre
Numa paixão que durou tão fortemente
Que de tanto forte que tinha
Rapidamente acabou.

Fujo, corro e tento voar
Naquele momento que te vejo passar
Na forte paixão do sentimento
Por ti! Bênção do meu sofrimento.

Desespero por ti
De tanto que te amei
De tanto que vivi
Em momentos que até do abismo me alegrei,
Caio agora do céu em que fui rei.

E desejava que isto não guardasse em mim
Este sentimento infernal, ambicionando um fim,
Desejava não pensar assim
Mas tudo o que vi, que quis e que sonhei
Foi tudo com que me desapontei.

domingo, 20 de março de 2011

Despedida de um grande Amor

Venho falar e homenagear quem eu amei por mais de um ano e ainda hoje continuo a amar como nunca serei capaz de explicar.
Corre-me a tristeza nas veias do amor, que outrora partilhávamos, esperando que algum dia sejamos amigos depois daquilo que passamos. E aquele vento que persiste em trazer o teu perfume e as tuas lembranças não parte, não foge, não morre e o sofrimento vem e vai com ele. As mãos ficaram vazias de motivação e o que restava de nós foi deixado fortemente no meu coração como aquele fogo que tu bem conheces, a característica predominante na nossa relação. E como de uma anomalia se tratasse, tento fugir de ti de maneira a que não sofra mas vivo no dilema de ainda te amar e precisar da tua amizade e conforto, junto a mim. Alguém que me conhece e que tem tanto de mim dentro dela, alguém que me ama como amiga e que no fundo do seu coração me quer por perto. E ignorante será aquele que se lembrar das pessoas que ama, de forma melancólica e triste apesar de às vezes parecer humanamente impossível de cumprir tal tarefa. Mas a felicidade cobre tudo e todos, nem que seja por uma ínfima parte ou sentimento, ela acaba por aparecer e nos fazer lembrar de um bom momento.
E de todo este tempo, guardo em mim todas as nossas vivências que me fazem chorar neste preciso momento, estas lágrimas que não são de sofrimento mas de saudade. E esta espera, que não tem fim, leva-me à loucura de não te puder mais ter, de saber que agora, nestes dias, estarás longe de mim, longe com outras pessoas e, talvez, com outro alguém, que me substitua. Mergulho, assim, na angústia de imaginar com quem estás, a quem ofereces o teu lindo sorriso e a tua maravilhosa companhia. Os dias morrem facilmente, quando nem uma palavra tua sou capaz de ouvir ou um toque teu, capaz de sentir. E invisível passo despercebido ao sentimento que já demonstraste por mim. Este amor que foi vivido pelos mais sublimes sentimentos, que tocou as nossas almas marcando-as desde sempre como cúmplices.
E a ausência leva-te para longe, como um castigo, onde eu não posso vencer a dor da saudade. E escrevo noite dentro tentado encontrar palavras que demonstrem que sem ti não há lua ou pôr-do-sol. Sem ti não haverá aquele beijo caloroso de amor e amizade, onde os meus braços te envolviam contra o meu peito e me imploravas para nunca te deixar.
E constantemente sinto-te na minha memória e até chego a sentir-me reconfortado pelo teu toque mas, rapidamente, despido no silêncio, vejo que lá não estás e que a escuridão é tudo o que me resta e consome o meu olhar no crepúsculo que brilha pelos estores do meu quarto.
Nunca te pedirei que voltes para mim, apenas te digo que o meu coração é teu todos os dias da tua vida. Conta comigo em todos os teus momentos de sofrimento ou tristeza e espero que algum dia percebas que eu sempre te quis bem.
Este texto, bem como este amor, para além de pertencer ao passado, pertencem e pertencerão sempre a uma única pessoa que sempre soube cuidar de mim melhor que o próprio céu.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Céu rasgado

Chega o nublado
Debaixo de um céu estrelado
De entre poemas e versos cantados
Partes ao acaso.

E logo te vejo partir do coração
Rasgas o céu com a tua emoção
Desesperado enchi-me de lágrimas
E pedi-te para não partires.

Mas a minha voz ecoou no vazio
Devorada pelo frio
Que deixaste em mim
Pois já não sei viver sem ti.

Haviam tantos sonhos para realizar
Tantas batalhas a travar
E objectivos a conquistar
Mas agora já nem o pássaro sabe voar.

E a solidão não parte
(Queria tanto que ela partisse)
A força de vontade de nada vale
Neste sonho que não cumpriste.

Peço-te, por favor,
Que não te culpes
Faz isso pelo nosso amor
Mas sonho que um dia voltes para mim.

Lágrimas de Amor

Ambiciono o céu
Desejo a lua
Quero o teu véu
Numa noite nua.

Neblina estrelada
Com beijos lutamos
Vida amada
Sem dor guerreamos.

Vive por mim
Eu sonho por ti
Ama-me a mim
Eu amo-te a ti.

Dor indolor
Lágrimas de amor
Amor sem dor
Atrais-me com fervor.

Naquele dia...

Eu tive um sonho há muito tempo
Quando a esperança ainda existia
Sonhei com fé de um momento
Sonhei com amor que não morria.

Ainda quando sonhava sem medo
Não havia razão para chorar
Tudo o que fazia sem segredo
O meu coração ia gostar.

Mas o mal da noite veio
Com chuva e tormento
Sem amor e com receio
Nasceu a dor do pensamento.

E ainda continuo a sonhar
Com o meu amor
Mas não há como me lembrar
De amor sem alguma dor.

Naquele dia eu sonhei
Que seria diferente
Mas agora eu recordei
Que foi a vida que matou o sonho que eu sonhei.